Edição 369
Com patrimônio de R$ 1,69 bilhão segundo dados de julho de 2024, o Instituto de Previdência de Itajaí (IPI) adotou como estratégia principal de investimentos as aquisições de NTN-Bs e Letras Financeiras nos últimos dois anos. Com a possibilidade de marcação desses ativos na curva (a vencimento), o regime próprio veio aumentando as alocações diretas nesses ativos de renda fixa, que atualmente representam cerca de 70% do patrimônio. Mesmo com o predomínio do conservadorismo em sua política de investimentos, o instituto não deixou de otimizar as estratégias mais arriscadas. As oportunidades são buscadas em classes de ativos como a renda variável e os fundos de investimentos em participações.
A carteira de fundos de ações, por exemplo, está em processo de reestruturação. Representando cerca de 10% do patrimônio do RPPS, a carteira deve migrar cerca de 30% dos ativos de fundos de investimentos para ETFs (Exchange Traded Funds). “Estamos reestruturando a renda variável. Pretendemos baratear algumas alocações com a migração para ETFs”, diz Jean Polidoro, diretor de investimentos e gestor do IPI. Ele explica que há alguns fundos que cobram taxas de administração de gestores ativos, mas que sistematicamente têm performado abaixo dos benchmarks.
“Alguns fundos têm taxas altas, mas que ficam abaixo do benchmark. Então, não estão valendo a pena”, comenta o diretor. Por outro lado, a aquisição de ETFs tem taxas mais acessíveis e oferecem maior agilidade para entradas e saídas. O regime próprio está negociando com as corretoras e conversando com instituições que oferecem este tipo de produtos no mercado. A migração deve começar em outubro ou novembro e tem projeção para movimentar cerca de R$ 40 milhões - algo entre 2% e 3% do patrimônio do RPPS.
Outra estratégia mais arriscada do instituto é a alocação em FIPs, que atualmente representa 1% do patrimônio do fundo. “Iniciamos os investimentos em FIPs neste ano de 2024 com uma participação pequena. Pretendemos aumentar gradualmente sem movimentar grandes volumes”, explica Polidoro. O regime próprio selecionou quatro gestores de FIPs, que são os seguintes: Kinea, BTG Pactual, Vinci Partners e Pátria. A alocação deve aumentar cerca de 0,5 ponto porcentual a cada ano.
Cautela - O diretor de investimentos do IPI explica que a estratégia é predominantemente conservadora de forma a criar uma proteção para os ativos. Atualmente, o fundo possui R$ 853 milhões (52% do patrimônio) em NTN-Bs marcadas na curva. Outros R$ 300 milhões estão alocados em Letras Financeiras de bancos de primeira linha - representando 17% do patrimônio. As alocações em NTN-Bs foram iniciadas em 2022 e continuaram em 2023 e 2024. O mesmo aconteceu com as Letras Financeiras. “Hoje temos um grande colchão protetor que nos permite arriscar com o restante da carteira”, diz Polidoro.
A taxa média ponderada das carteiras marcadas na curva registram 6,17% de prêmio acima da inflação. Isso representa cerca de 1 ponto percentual acima da meta atuarial. O resultado projetado praticamente garante o atingimento da meta atuarial para os próximos períodos. As reservas do instituto registram atualmente o superávit de R$ 230 milhões.
O desempenho dos ativos ficou abaixo da meta nos anos de 2021 e 2022. A recuperação veio em 2023, quando superou a meta com folga. No primeiro semestre de 2024, a carteira total do instituto continua com desempenho acima da meta no primeiro semestre - ver gráfico acima.
Criado em 2001, o IPI promoveu a segregação de massas a partir da data de sua fundação. O regime financeiro é deficitário e projeta o pico de contribuições entre 2028 e 2030. A partir destas datas, as despesas do fundo financeiro começarão a declinar. Enquanto isso, o fundo capitalizado deve assumir cada vez mais o pagamento dos servidores que ingressaram a partir do corte da segregação.
“Não pretendemos correr riscos desnecessários. Mas com o colchão de proteção dos títulos públicos, podemos arriscar um pouco mais com o restante da carteira”, comenta o diretor de investimentos. Por isso, o regime próprio promoveu a seleção de gestores de fundos de ações mais especializados.
“Antes investíamos apenas com as assets das grandes instituições financeiras. E agora procuramos diversificar também com gestores mais específicos”, comenta. Atualmente o RPPS mantém cerca de 50 instituições credenciadas que podem receber seus aportes de investimentos. Além da renda variável e FIPs, o regime próprio também mantém alocações em fundos no exterior (6% do patrimônio) e fundos de renda fixa (11% do patrimônio).
As porcentagens de alocação nas diferentes classes de ativos não devem mudar substancialmente em 2025. “Vamos continuar seguindo nosso ALM. Não queremos ser os melhores em rentabilidade. Nossa prioridade é continuar superando a meta atuarial”, afirma Polidoro.
Pró-Gestão - O IPI possui atualmente a certificação do nível 2 do programa Pró-Gestão do Ministério da Previdência Social. O programa oferece a oportunidade para que os regimes próprios se postulem para a certificação de níveis que variam de 1 a 4. “Entramos no nível 1 e atualmente estamos no nível 2. Já temos estrutura para pleitear o nível 3, mas ainda não fizemos. Temos de avaliar adequadamente cada passo do Pró-Gestão para não incorrer em custos desnecessários”, explica o diretor do IPI. Ele indica que atualmente o nível 2 já atende as necessidades do instituto.