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Somma mira em R$ 16 bi ao final do ano
Expansão virá da atuação nas plataformas e multi-family office, seguindo estratégia para reduzir a dependência dos institucionais

Edição 365

Faraco,Felipe(Somma) 24abrA Somma, gestora com R$ 13,2 bilhões sob gestão na posição de dezembro do ano passado (ver ranking Top Asset), não está convencida de que os fundos de pensão darão um passo significativo nos próximos meses rumo a ativos de mais risco. “Eles não estão com esse sentimento de urgência, com essa pressa”, diz o diretor da asset, Felipe Faraco. A explicação, segundo ele, é que as atuais taxas de juros ainda são suficientes para cobrir as metas atuariais da maioria das fundações.
A pesquisa Focus feita semanalmente pelo Banco Central junto a mais de 100 instituições financeiras indicava, em 9 de abril, projeções de uma Selic terminal de 2024 que mantinha-se em 9% há 15 semanas consecutivas. Na semana seguinte, 14 de abril, essa projeção subiu para 9,13%, indicando com essa alta que o mercado começa a desconfiar que o ritmo de cortes de 0,50 ponto percentual a cada reunião do Copom pode não se manter. Atas do Copom e declarações do presidente do BC, Roberto Campos Neto, no sentido de que o horizonte à frente está mais nebuloso do que alguns meses atrás, servem para corroborar a apreensão do mercado. Muitas casas já colocam a Selic terminal de 2024 mais perto dos 10% do que dos 9%.
“Ainda tem NTN-B próxima de 6% e com isso ninguém está assumindo riscos. Todo mundo está olhando muito, estudando muito, vendo as alternativas, mas não estão tomando posições de risco”, diz Faraco. “O certo é que essa conjuntura está dando tempo para eles (os fundos de pensão) pensarem e prepararem com calma a estratégia de tomada de riscos”, afirma.
Segundo ele, por ser uma casa multiestratégias a Somma não é tão impactada por esse horizonte mais nebuloso. Com um total de 42 fundos abertos, além de fundos exclusivos e cerca de 16 carteiras administradas, a Soma é uma das poucas casas de gestão fora do eixo Rio-São Paulo que opera em várias estratégias. Localizada em Florianópolis (SC) e contando com um escritório também na capital paulista, a gestora opera mesas de gestão de fundos de renda fixa, de crédito, de ações e de multimercados, além de acessar cerca de 14 a 15 gestores externos dos quais compra cotas para seus multimercados.

Crescimento - Embora o horizonte para 2024 esteja mais nebuloso, Faraco espera que seja um ano de crescimento para a casa, apontando para uma meta entre R$ 15 bilhões e R$ 16 bilhões sob gestão em dezembro deste ano. Conta para isso com a atuação no segmento de family office, uma área aberta recentemente, e acordos de distribuição junto às plataformas. Hoje os produtos da gestora estão em praticamente todas as plataformas, com foco em pessoas físicas.
O sentido dessas novas abordagens de público é contrabalancear o peso dos institucionais no asset under management da gestora, de forma a ficar menos dependente de um único segmento. Atualmente os institucionais representam 68% do AUM da Somma, somando os fundos de pensão, os RPPS e as operadoras de planos de saúde. “A gente continua apostando muito nesse público, o nosso foco desde o início da gestora sempre foi nele, mas entendemos que chegou a hora de diversificar”, explica Faraco.
O próximo fundo a ser lançado pela gestora, inclusive, tem o foco na pessoa física e não no institucional. Trata-se de um fundo de debêntures incentivadas, cuja tributação reduzida é mais atrativa à esse público do que ao fundo de pensão, que já é isento do imposto de renda por causa de legislação específica. O produto, com liquidez em D30, deve ser lançado no início de maio, mas a definição da data ainda está dependendo da assinatura de alguns contratos de distribuição. “É a nossa aposta para o segundo semestre”, diz.

Sistema online - Para o institucional, a gestora está finalizando a montagem de um sistema online que permitirá ao investidor ter acesso direto à todas as suas posições, por classes de ativos, visualizando desde dados de performance histórico de fundos até a última cota liberada. Também incluirá preços, movimentações e até relatórios do comitê de crédito que aprovou uma emissora específica, por exemplo.
A gestora sabe que o sistema será mais útil às pequenas e médias do que às grandes fundações, pois as primeiras nem sempre dispõem dos instrumentos e pessoal especializado. “Vamos entregar as informações mastigadinhas para as equipes reportarem à diretoria, ao conselho”, explica o diretor da gestora. O sistema será disponibilizado, primeiramente, às EFPCs, e talvez num segundo momento também aos RPPS.
São com essas apostas que a gestora pretende alavancar seu AUM para algo entre R$ 15 bilhões e R$ 16 bilhões ao final deste ano, superando algumas adversidades do início do ano. Entre essas, a perda de um fundo de ações de R$ 320 milhões para a MAG Investimentos, que além de incorporar o fundo também levou o seu gestor, Maurício Gallego, assim como a equipe que fazia o relacionamento da Somma com os RPPS (Rogério Zico e Daniel Longo Abramovay).
“Eles tiveram suas motivações, mas continuamos grandes amigos”, diz Faraco. “Com a saída deles, passamos a concentrar o relacionamento com os RPPS em três representantes”.