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Um fundo prá chamar de seu
Gestores recomendam fundos exclusivos para mandatos acima de R$ 40 milhões, pois esses permitem customização dos serviços

Edição 365

A gama de serviços prestados por gestoras aos clientes institucionais em mandatos exclusivos é cada vez mais relevante à medida que aumenta a complexidade do ambiente de investimentos e a demanda por governança, segundo avalia Marcelo Miranda de Mattos, CIO da Inter Asset. “Como os fundos exclusivos caem muito no risco de virar uma commodity, temos olhado para os serviços ao cliente como diferencial relevante. O controle de riscos é um deles e tratamos de disponibilizar o acesso dos clientes aos nossos controles”, explica.
Além dos aspectos ligados à alocação e à comunicação, com os relatórios de acompanhamento, que ajudam a mostrar resultados aos clientes, há uma demanda particular para que os comitês da casa monitorem a governança e acompanhamento dos mandatos, inclusive a atuação dos gestores externos. “Nos últimos dois anos algumas classes de ativos têm tido performance ruim e é preciso começar a fazer contas da rentabilidade do negócio para algumas gestoras, saber quem está perdendo patrimônio e equipe, se está pagando as contas etc”, diz Mattos.
Outro aspecto que tem chamado atenção é o peso do viés político sobre as decisões de investimento tomadas por esses gestores. “Procuramos saber se o viés político de alguns deles está tomando conta de suas decisões. E também queremos avaliar até que ponto a “narrativa” do mercado está influenciando essa tomada de posição. Quando identificamos isso, adotamos maior cautela ao dar os mandatos”, afirma.
A soma de performance com a prestação de serviços é fundamental. “O institucional quer resultados mas também quer serviços, ele quer entender cada vez melhor as políticas de cada mandato. Aliás, o investidor pessoa física também tem evoluído nessa demanda”, diz Mattos.
Em 2023, o banco Inter, que mantém relação simbiótica com a asset, trouxe um diretor institucional vindo da Sul América para atender fundos de pensão, grandes alocadores e clientes corporativos. Nesse universo, os RPPS também interessam mas são um projeto ainda para o futuro. “O trabalho dessa equipe é entender o timing e o momento dos institucionais”, afirma.

Coura,Natalia(Sparta) 24abrMigração de estruturas - Focada em renda fixa, a Sparta, gestora que até o ano passado atuava apenas com fundos condominiais, está fazendo sua estréia nas estruturas de fundos exclusivos, com o objetivo de diversificar passivos. “Nos exclusivos, o passivo é mais perene, mas até 2023 não tínhamos esse tipo de estrutura. Hoje já há quatro fundos exclusivos, um deles para um fundo de pensão. Temos também mais dois veículos em construção”, diz Natália Coura, sócia e diretora de distribuição. Do total de seis exclusivos, dois serão de fundações e os outros quatro de multi family offices.
A avaliação é de que esses fundos melhoram a qualidade do passivo e a rentabilidade oferecida aos cotistas. Ainda que não haja planos para lançar novos condominiais este ano, a casa não pretende abrir mão desse modelo, até como vitrine tradicional da casa já que os fundos atendem bem a uma parcela dos investidores. Os condominiais da asset já oferecem inclusive fundos de crédito em versões para os investidores institucionais, seja com benchmark em CDI, seja em inflação.
“Para quem tem um cheque maior, a partir de R$ 40 milhões a R$ 50 milhões, temos estimulado migrar para os exclusivos por conta da estrutura que permite capturar uma rentabilidade superior, além de customizar o veículo, o que é mais difícil de fazer nos condominiais”, afirma Coura. Nos exclusivos de crédito privado é possível, por exemplo, fugir do problema de ter que vender ativos a preços deprimidos para fazer face aos resgates em momentos de turbulência. Para os institucionais com cheques menores ou que quiserem fazer aplicações rápidas para alocação tática, o condominial pode fazer mais sentido.
Dos cinco eventos que sacudiram o mercado de crédito privado no início de 2023, as carteiras sob gestão da Sparta só tinham exposição ao caso das Americanas. “Não estávamos posicionados em nenhum dos demais porque a equipe de gestão optou por não comprar ou por sair. Da Light, havíamos saído em 2022”, diz Coura.
Ao todo, a casa tem uma equipe de 35 profissionais, dos quais 14 são sócios. Embora tenha tido captação de institucionais, com destaque para os fundos indexados à inflação, a grande demanda tem sido por fundos que aplicam em debêntures incentivadas, atrativos para as pessoas físicas.
Dos quase R$ 12 bilhões de AUM total, 99% estão em fundos dedicados de crédito, todos com perfil high grade e com pelo menos 30 dias para resgate. “Esse aspecto é importante porque em geral os maiores impactos nessa classe vêm de problemas de l iquidez, mais pelo fluxo de negociação do que por defaults”, observa Artur Nehmi, gestor de renda fixa e CFA, responsável por um time composto por dez dos onze analistas da casa. A equipe de gestão de renda fixa tem 13 profissionais e os fundos têm exposição a 230 grupos econômicos.
Um foco da casa a partir deste ano serão os fundos de debêntures de infraestrutura, afirma Nehmi. Esse é um mercado que tende a ser favorecido pela lei nº 14.801, que transferiu o benefício fiscal para os emissores desses papéis “Muitos institucionais têm perfil mais conservador e têm interesse em investir em ativos de setores mais controlados, com menor risco, como o de infraestrutura”, diz.
A asset trabalha para colocar em pé um fundo de infra que terá debêntures incentivadas mas também debêntures de infraestrutura, debêntures em CDI e em IPCA. “Acabamos de fechar um mandato agora para um investidor instirucional”, conta Nehmi.
Como as debêntures de infra são “irmãs gêmeas” das incentivadas, mas têm prazos diferentes (máximo de dez anos para as de infra e de 20 anos para as incentivadas), ele acredita que seja possível “quebrar a barreira” dos dez anos e justificar prazo maior, com taxas mais altas. “Para o emissor haverá a vantagem de garantir a isenção por prazo mais longo. Assim que estiver fechada essa equação entre investidor e emissor, as debêntures de infra deverão ganhar impulso e levar o investidor a desapegar do CDI”, aposta Nehmi.

Imobiliários voltam à cena - O ano de 2023 foi positivo em captação e performance na Hedge Investments, conta Mauro Dahruj, sócio responsável pelas áreas de FoF e CRI. Entre cotas de fundos de investimento imobiliário (FII) e emissões de séries de CRI, a casa somou mais de R$ 1 bilhão em capital novo – R$ 731 bilhões em cotas e R$ 290 bilhões em CRI.
Com 27 fundos, dos quais 20 são FII, 5 são FIM e dois Fiagros, a asset tem hoje R$ 9,6 bilhões sob gestão, dos quais a maior parte está em FII condominiais fechados. “Foi um ano de muitas emissões e valorização de cotas. No fundo HGBS, que investe em shopping centers, as cotas sozinhas atingiram R$ 620 milhões, uma das dez maiores do mercado, com retorno de 33,5% entre a variação da cota e o pagamento de dividendos, contra uma variação de 15,5% no Ifix”, diz o gestor.
A gestora começa agora a montar estruturas de fundos exclusivos para institucionais e já lançou, em janeiro deste ano, um FoF multimercado aberto com foco em cotas de FII, que começou com R$ 10 bilhões em capital da casa e vai captar ao longo dos próximos meses. “Há vantagens nas duas estruturas. Nos fundos fechados, negociados em bolsa, há isenção dos dividendos, o que atrai mais as pessoas físicas, mas para o investidor institucional, que já tem benefício fiscal, os fundos abertos são mais interessantes”, afirma Dahruj.
Os ativos imobiliários mais atrativos para os institucionais são os shopping centers e galpões, cujos níveis de vacância estão baixos. “A vacância está abaixo de 10% nos shoppings, mais perto de 5%, enquanto nos galpões está em 10%. Os dois segmentos estão com aluguéis em alta, num movimento que continua forte em 2024”, diz o gestor.

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