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Crédito marcou o ano passado
Notícias sobre “derretimento” dos ativos de crédito de Lojas Americanas e Light impactaram fundos de várias gestoras e levaram prejuízos à clientes

Edição 365

Sorge,Luiz(BNPParibas) 23out 03Entender os eventos de crédito que ocorreram no ano passado foi decisivo para manter a gestão dos ativos dos fundos de pensão casada com seus passivos. “Aqui somos muito conservadores e buscamos entender cada momento e o que acontece nas estratégias e no ano passado a atenção para essas carteiras esteve no crédito”, diz Luiz Sorge, head da BNP Paribas Asset Management no Brasil.
A renda fixa foi beneficiada por uma gestão prudencial, com as carteiras mais alocadas em vértices de prazos mais curtos para reduzir a volatilidade e minimizar seu impacto nas carteiras dos fundos de pensão. “Os fundos de fundos (FoFs) também costumam ficar mais leves nesses momentos, enquanto os multimercados sofreram muito”, diz Sorge. Já nas estratégias de renda variável, ele explica que a gestão conseguiu reduzir o tracking error das carteiras.
A asset tem aprofundado sua análise de inteligência de mercado, afirma o gestor, para entender melhor as mudanças que ocorreram nas carteiras quando os mercados ficaram mais voláteis local e globalmente. “Queremos identificar melhor os movimentos dos fundos de pensão. São 120 deles que têm mandatos conosco, não apenas em fundos exclusivos mas também em fundos abertos, num total de R$ 39 bilhões sob gestão nesse segmento”, informa.
A perspectiva para este ano é que comece a voltar algum apetite pelas ações locais e no exterior. “Temos olhado muito um fundo de infraestrutura para fundações. Além disso, já temos um fundo de crédito institucional com R$ 1,6 bilhão de patrimônio”, conta. Há também cinco fundos locais com sufixo IS (Investimento Sustentável), quatro deles de crédito e um de renda variável.
A gestora vê ainda espaço para crescer no segmento de endowments, em que tem se destacado e oferece dois tipos de suportes, para famílias ou empresas, mas com ênfase nas empresas. “É uma característica global do BNP Paribas, com foco em projetos de transição energética e meio ambiente, e temos gestão qualificada para isso”, afirma Sorge.
Ele acredita que o setor deve ganhar tração, mas ainda há um caminho a ser percorrido na melhoria da regulação dos endowments no Brasil. “É preciso definir melhor a governança e as questões ligadas à regulação de investimentos. Nós aplicamos hoje o que vem da CVM, mas falta uma harmonização das regras”, diz.
Os endowments ficam alocados majoritariamente em renda fixa e tem recursos estáveis, com perfil de médio e longo prazos, o que torna o setor bem atrativo para os gestores. “Há projetos que necessitam de desembolsos mais rápidos, mas normalmente os prazos são mais longos”, observa.

Catinella,Stefano(Ita) 23abr(SM2Estudio)Grade de produtos - A gestão otimizada da renda fixa para clientes institucionais, especialmente fundos de pensão, foi um dos pilares da captação líquida positiva da Itaú Asset em 2023, que continua em 2024, segundo Stefano Catinella, diretor global de distribuição. A grade ampla de fundos, que vai desde os passivos até os mais estruturados, foi outro fator que contribuiu para isso.
A asset fez também um reforço em sua estrutura para atender o segmento, que passou de oito pessoas há três anos para uma mesa com 17 profissionais hoje, capaz de enfrentar as demandas desses clientes e encontrar soluções customizadas. Os mandatos exclusivos das fundações trazem demandas adicionais que precisam ser atendidas, como a exigência de novas fontes de alfa e diferentes fatores de risco. “São produtos que saem um pouco da esteira, porque nos últimos 12 a 18 meses temos lidado com demandas inovadoras que exigem maior eficiência na alocação de caixa, por exemplo, isso em todas as classes de ativos”, diz Catinella.
À medida que diminuiu a alocação em multimercados e em renda variável, cresceu a parcela de renda fixa entre 2022 e 2023, assim como a captação na renda fixa e nos mandatos exclusivos. A gestão navegou por um período em que os fundos de pensão aumentaram muito sua alocação em NTN-Bs. “Temos procurado trazer o mais moderno para a gestão nessa classe e estamos colhendo os frutos desse trabalho feito nos últimos dois anos”, informa. A maioria dos novos mandatos, desde renda fixa até os de investimento no exterior, veio por meio dos FoFs (fundos de fundos).
A volta do apetite pelos ativos de risco segue em compasso de espera enquanto renda fixa e crédito privado lideram a demanda dos investidores. “Temos uma expectativa forte em relação à parte de crédito para as EFPCs este ano e começamos a falar com essas entidades sobre a família de fundos de crédito estruturado, numa área que soma mais de R$ 10 bilhões. É um produto que já atende private, family offices e personalité mas queremos expandir agora para os fundos de pensão”, diz Catinella.

Forster,Marc(Western) 19fev 01As dores do crédito - O ano de 2024 foi marcado pelos problemas no mercado de crédito, principalmente no primeiro trimestre do ano. Nesse período, muitos clientes institucionais da Western Asset Management Brasil chegaram abalados pelas notícias desoladoras do mercado de crédito, conta o head da operação no país, Marc Forster.
Nos meses seguintes o tom do mercado começou a melhorar, houve um ganho de confiança na retórica do governo e a partir de outubro as condições permitiram um fechamento de ano muito bom, diz Forster, compensando um início de ano muito ruim.
“Se olharmos o período de 12 meses encerrados em março deste ano, a performance do mercado de crédito foi espetacular”, observa Forster. A casa, que tem 75% do seu asset under management provenientes de fundos de pensão, não saiu liquidando ativos e o cliente institucional acabou tendo uma experiência positiva.
Na parcela de risco de mercado, a guinada das expectativas também foi expressiva, com piora em 2024. “Terminamos o ano com um ambiente que considerava inequívoca a entrada dos bancos centrais no modo de afrouxamento monetário. Este ano, porém, houve uma parada de arrumação do Fed e os mercados têm andado de lado”, diz.
Os recursos dos fundos de pensão que entraram vieram em fluxos de exterior (investimentos em bolsa EUA e crédito) porque nas políticas de investimento não foram vistas mudanças radicais de alocação, apenas ajustes finos. “O mais interessante é que a grande maioria das EFPC oferece perfis de investimento, mas mesmo assim não vemos tanta mudança em suas políticas de investimento, que têm sido marginais”, afirma Forster.
O objetivo é continuar como um parceiro de longo prazo das fundações e aproveitar os momentos de performance ruim para revisitar as carteiras. “Fizemos, por exemplo, uma diversificação maior nas carteiras de crédito e assumimos posições mais defensivas em risco de mercado”, explica.
No caso da Americanas, a asset percebeu que sua exposição era maior do que se mostrou palatável para a média dos investidores. “A partir dessa constatação, incluímos um filtro adicional na montagem das carteiras, mesmo no caso dos ativos triple A”, diz Forster.
Além disso, houve mudanças no tamanho da exposição por emissor, que ficou melhor relacionado com os objetivos do portfólio, afirma o gestor. Nos casos de default, o horizonte de recuperação também ficou mais visível.

Segmento em EFPCs (arquivo em pdf)