Edição 371
As estruturas de fundos condominiais têm crescido mais na BTG Pactual Asset Management, mas a demanda começou a ficar aquecida também pelos fundos exclusivos, principalmente no segmento de fundos de pensão, avalia Allan Hadid, sócio e CEO da instituição. “Enquanto os condominiais concentram mais investimentos de pessoas físicas, varejo e alta renda, os exclusivos incluem principalmente fundos de pensão e RPPS”, explica.
Ele observa que os ETFs (Exchange Traded Funds na sigla em inglês, ou fundos de índices) estão em momento de expansão, com fluxos positivos em todos os meses do ano, o que configura uma nova tendência do investidor. Esse movimento, acredita Hadid, é explicado por uma conjunção de fatores. “O investidor está querendo tomar suas próprias decisões e não depender do gestor para a alocação de longo prazo, além de algumas classes simplesmente não terem performado neste ano e ter havido uma mudança de legislação referente à remuneração dos distribuidores e alocadores”, diz.
Como resultado da mudança na legislação, muitos alocadores tem passado a cobrar um percentual fixo da carteira. “Se o produto for mais caro, o retorno do investidor será menor, daí a busca por fundos passivos. Isso ocorreu há vinte anos nos EUA”, explica Hadid. Por esse motivo, a asset passou a dar maior ênfase a esses fundos e vai lançar mais cinco ETFs até o final deste ano, três de renda fixa e dois de renda variável. “O volume ainda não é espetacular, de R$ 1 bilhão, mas é um mercado que não existia um ano atrás”, observa.
Marcado pela forte volatilidade na expectativa dos agentes do mercado no Brasil e no exterior, com a mudança de um esperado ciclo de corte do juro para um novo ciclo de alta, tanto aqui como nos EUA, o mercado de investimentos segue nervoso, analisa Hadid. “Fomos bem sucedidos em entender que o mercado não iria mudar muito. O destaque permaneceu com o crédito, seja nos ativos normais como nos incentivados, e na renda fixa ativa também”, lembra.
O primeiro semestre trouxe captação importante para os fundos imobiliários de “papel” e “de tijolo” e a asset captou R$ 1,5 bilhão numa única oferta, para o seu FII de logística. “Também tivemos captação grande no FII de shopping centers e outras com objetivo-alvo já definido”, diz.
Movendo a agulha - Lançado há menos de seis meses, em maio passado, o novo modelo de portfólios semi-customizados da Franklin Templeton no Brasil, batizado de building blocks, já está movendo a agulha, com alocação positiva de fundos de pensão e alocadores este ano, explica Luiz Felipe Assadurian, vice-presidente executivo de vendas da gestora.
”O projeto é super novo mas já estamos percebendo maior apetite desses investidores por alternativos líquidos e pela renda variável, até porque os alternativos são muito descorrelacionados com as demais classes de ativos locais e internacionais”, diz.
Os “blocos” são construídos a partir da experiência da área de Investment Solutions da gestora para fazer a seleção de gestores e alocação de ativos em todo o mundo. A estrutura funciona como uma curadoria de fundos mútuos e de ETFs (fundos de índices), num mix de renda variável e de alternativos líquidos oferecidos pela gestão interna da casa e também por gestores terceirizados.
Uma das razões para o crescimento da área, admite Assadurian, pode ter sido o forte resgate de recursos dos fundos multimercados, com a migração dos recursos para ativos similares aos dos multimercados. “A renda variável é a classe mais comum, a renda fixa foi mais no primeiro semestre”,diz. Ele lembra que o fundo principal da casa, o Franklin ClearBridge de Ações, que investe no exterior, registrou crescimento com a entrada de fundações e RPPS.
A alocação no exterior, avalia Assadurian, não deverá ser impactada por ter o juro local mais alto como competidor. “Prova disso é que estamos discutindo com três fundos de pensão os processos de seleção off-shore, em busca de diversificação geográfica. Atuamos em todas as principais geografias”, explica.
Novas estratégias - Na Schroders Brasil, a parte de exterior cresceu pelo efeito cambial e também porque a classe atraiu mais interesse dos institucionais brasileiros, informa Luiz Fernando Pedrinha, diretor comercial para clientes institucionais. “Houve uma redução de risco ao longo do tempo, pela abertura da curva de juros, e a exposição internacional é uma forma de fazer hedge para a alocação local dos fundos de pensão”, diz.
Diante do clima de incertezas, a descorrelação do investimento externo tem feito crescer a captação para alocação global por meio de fundos exclusivos, mas também nos feeder funds aqui no Brasil, que dão acesso a estratégias globais. “Foi uma resposta ao que aconteceu nos mercados ao longo do ano. Temos aperfeiçoado e inovado as soluções como uma evolução natural dos serviços que a casa oferece”, afirma
Além disso, a asset vai começar a explorar, junto aos institucionais, o momento de alta na captação dos fundos de crédito privado, por meio do seu fundo high grade de crédito local. “Esse fundo já existia mas resolvemos adaptá-lo para o mercado institucional e ele já tem track record e tamanho substancial, com mais de R$ 2,5 bilhões. A estratégia, que já contava com recursos de previdência aberta, será adaptada para fundos de pensão e RPPS.
A alocação no exterior também está sendo ampliada, com veículos locais que dão acesso a outras estratégias da plataforma Gaia lá fora, com hedge para reais. “Queremos fazer uma portabilidade do alpha gerado nos mercados internacionais, em reais, para ajudar as EFPC e RPPS a complementar e diversificar seus portfólios de multimercados estruturados”, diz Pedrinha.
Ele lembra que esse mercado cresceu e ficou muito grande sem ter a necessária profundidade para absorver o fluxo. A gestora já trouxe de fora algumas estratégias long and short com foco em tecnologia, multiestratégias e multigestores, e pretende trazer outras.
Condominiais estruturados - Com uma atuação voltada principalmente ao mercado de renda fixa/crédito privado, em particular ao crédito estruturado, a Valora Investimentos foi beneficiada em 2024 pelo cenário dos juros, diz Daniel Pegorini, CEO da asset. “Com o achatamento das taxas pagas no crédito high grade, esses fundos renderam menos e o mercado passou a buscar mais os estruturados”, diz o gestor .
“Há uma ideia equivocada do mercado de que o crédito estruturado tem necessariamente mais risco do que o high grade, quando na verdade uma boa pulverização e estruturação podem reduzir o risco”, diz Pegorini. Ele cita o caso da Americanas, que era high grade, como exemplo de uma “sacudida” no mercado a esse respeito.
Os investidores institucionais chegam à asset principalmente por meio dos segmentos de private bank e wealth management, entre outros, que representam um terço dos R$ 6,5 bilhões em fundos de renda fixa abertos. Já as EFPC e entidades de previdência abertas respondem por uma parcela menor e não tem crescido muito, diz o gestor. “Há veículos adequados para as EFPC, mas a questão é a NTN-B mais alta do que o atuarial das entidades, então não temos visto crescer esse segmento”, diz.
Ele espera que o próximo ano seja tão bom para o crédito quanto 2024, com o juro real elevado. “Não chegamos ao ponto em que as empresas são prejudicadas pelo juro porque elas não estão tão alavancadas assim e o juro elevado bate mais no mercado de equities”, pondera o gestor.
Por Estruturas Assets (arquivo em pdf)