Edição 369
A volatilidade econômica brasileira no primeiro semestre de 2024 gerou um cenário pouco comum: os cortes da taxa Selic cessaram, em decisões mais conservadoras do Banco Central, mas a Bolsa já dá sinais de recuperação e tem subido nas últimas semanas. Para Laydianne Rosa, presidente do comitê de investimentos do GuarujáPrev, o regime próprio da cidade paulista de Guarujá, trata-se de uma conjuntura bastante favorável para que os Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) batam suas metas neste ano.
“Tem sido um ano bem desafiador, mas como a Selic ainda está bem alta, quem está bem posicionado em títulos públicos deve bater a meta, ou pelo menos ficar bem próximo disso, e quem apostou no mercado de renda variável também está sendo beneficiado pela alta da bolsa”, diz. Ela se refere à valorização das principais ações do mercado, representadas no Ibovespa, que ultrapassou em meados de agosto a marca histórica dos 130 mil pontos e desde então vem renovando seguidamente os recordes. Temos um cenário raro de se ver: a Bolsa subindo e uma Selic alta. Então, se os RPPS tiverem alocado corretamente, vai ser um ano mais propenso a bater a meta”, avalia a economista do GuarujáPrev.
Formada em economia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) e com MBA em banking e mercado financeiro pela Universidade Católica de Santos (Unisantos), a economista chegou à GuarujáPrev em 2016. Três anos depois, passou a integrar o comitê de investimentos, do qual foi nomeada presidente em 2021.
Afastada momentaneamente das atividades no instituto por licença-maternidade, Rosa não esconde a surpresa e a satisfação com a conquista do prêmio. “Realmente não esperava, veio para agregar. Fiquei muito honrada, até pelo fato de o ambiente financeiro ser tão masculino. Foi muito legal ter sido escolhida pelo mercado, estou lisonjeada.”
Sobre o atual momento macroeconômico, a especialista mostra uma visão otimista, mesmo em relação ao comportamento fiscal do governo, apontado por muitos analistas como um dos fatores primordiais para a interrupção nos cortes da Selic. “Claro que temos alguns riscos, como o fiscal, que está sendo decidido ainda. O (ministro da Fazenda, Fernando) Haddad está vendo onde consegue cortar gastos do governo, é difícil mas ele está realmente tentando. Um dos pontos positivos é que ele tem uma boa interlocução com o Senado, com o legislativo, então estamos bem otimistas em relação a isso”, afirma.
Para gerar retornos para a carteira do GuarujaPrev, numa conjuntura com um mercado bastante oscilante, Rosa traçou como estratégia a imunização da carteira do instituto, conforme explicou à Investidor Institucional na edição 366, mas sem esquecer dos investimentos em Bolsa. Agora, espera que a variedade de alocações em títulos e renda variável seja recompensada no segundo semestre.
“Nossa posição em Bolsa está em 4%, 5%, devido às quedas. Estávamos sofrendo bastante até maio. Mas também estamos bastante alocados em títulos, temos 54% da carteira nesses ativos. Com essa alta da Selic, tivemos oportunidade de alocar ainda mais em título público, mas sempre olhando para a Bolsa, também. Em janeiro, entramos em um fundo de renda variável, aproveitando que estava barato. Tentávamos enxergar esse futuro que estimávamos que aconteceria no segundo semestre.”