O recrudescimento da inflação global, assim como as incertezas da guerra na Ucrânia, levaram a gestora local do BNP Paribas a reduzir sua exposição a ativos internacionais, seja em equities ou crédito, assim como à bolsa doméstica. Segundo o gestor de fundos de fundos da asset, Tiago César, os portfólios de FoFs estão mais defensivos neste início de segundo trimestre, priorizando a agilidade dos multimercados e multi estratégias para entrar e sair de posições compradas e vendidas.
“Reduzimos as posições globais nos mandatos institucionais este ano em relação ao que tínhamos em 2021 porque o ano começou mal nos mercados lá fora, afetado pela inflação e pela guerra, com um grande nível de incertezas. Entendemos que as grandes dúvidas permanecem pois ninguém sabe direito o que acontece na Ucrânia, uma guerra com efeito inflacionário forte”, avalia César.
No Brasil, com o juro na casa de dois dígitos e o grande fluxo de recursos estrangeiros vindo para o mercado doméstico tornam menos interessante apostar no dólar contra o real. “Estamos com posições menores em renda variável como um todo, em USA e MSCI World, em especial as posições dolarizadas. O CDI está muito alto, em 12,25% a 12,5%, o que também tira o ímpeto de buscar retornos lá fora”, pondera.
Segundo ele, o desempenho excepcional de 15% da bolsa neste ano têm sido sustentados pelo fluxo de recursos estrangeiros. “Mas a indústria local está sacando dinheiro da bolsa, então há duas forças opostas em ação e entendemos que é importante monitorar com cautela essa dinâmica”, diz.
Ele lembra que a indústria de multimercados foi muito bem no Brasil no primeiro trimestre do ano, até porque são fundos que têm agilidade para entrar e sair de posições rapidamente nas pontas de compra e venda. “Diante do atual cenário vamos manter a parcela mais relevante do risco em fundos multimercado e multi ativos, mas nos damos o benefício de mudar de ideia a qualquer momento porque há muitas variáveis de instabilidade tanto no mercado local quanto internacional”, observa.
A asset do BNP Paribas possui R$ 13 bilhões em FoFs, grande parte deles mandatados por entidades fechadas de previdência fechadas (EFPCs). “Chegamos a um nível bom de maturidade nos fundos de fundos, com seis a sete nomes que têm conseguido surfar a onda em bons fundos multimercados e multi estratégias”, diz o gestor.
