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Juro real positivo sinaliza para menor apetite a risco em 2022

Jorge SiminoA alocação de recursos em 2022 será marcada pelo impacto de uma taxa de juro real que ficará positiva na ponta curta depois de passar dois anos negativa, um fator que ainda tem sido pouco explicitado pelo mercado mas que deverá levar a uma redução do apetite a risco, analisa Jorge Simino, diretor de Investimentos da Vivest. A projeção da Vivest é de uma Selic vá a 11,25% no início do próximo ano e, na média, fique em torno de 10% frente a um IPCA que precisará recuar no mínimo para 5%. “Isso fará uma tremenda diferença para a alocação de recursos de todos os agentes econômicos e os portfolios de investimento não precisarão mais tomar tanto risco para garantir retorno. Será exatamente o oposto do que ocorreu nos dois últimos anos, quando o dinheiro em caixa só sangravaâ€, diz Simino.
Um caixa que voltará a trabalhar a favor da rentabilidade tenderá a reduzir o risco tomado nos investimentos, especialmente o risco local. Também contribui para isso o fato de que a estimativa para o próximo ano é de um PIB brasileiro com crescimento menor do que se esperava e até mesmo negativo, e o cenário doméstico estará sujeito a novas turbulências.
No caso da Vivest, se houver uma decisão pela redução adicional de risco, ela ocorrerá mais uma vez na renda variável doméstica. De um ano para cá, a fundação encolheu em 40% sua exposição a renda variável local e deve seguir priorizando a diversificação internacional.
Na classe de renda variável, que representa 18% dos ativos totais da entidade, atualmente 11% estão no exterior e apenas 7% no mercado doméstico.
O percentual investido pela fundação em mercados internacionais como um todo - renda fixa e renda variável - já está próximo do teto legal de 10% dos seus ativos, mas a decisão recente de alocar também em BDRs de ETFs, classe em que já tem R$ 1,1 bilhão, permite fugir do limite da Resolução CMN 4.661.
Classificados sob o ponto de vista regulatório na “caixinha†de renda variável e não na de exterior, os BDRs de ETFs tornam possível contornar essa restrição e ir além dos 10%. “Em BDRs de ETFs, que é um produto híbrido entre risco de exterior e regulação de renda variável, ainda temos espaço para continuar a crescerâ€, informa.
A renda fixa tenderá a crescer no mercado como efeito da alta do juro real e da consequente exclusão do risco. No crédito privado, entretanto, Simino vê os ativos fora de um padrão atrativo de risco/retorno porque os preços ainda não refletem o risco adequadamente. “Aqui nós temos feito um pouco de crédito mas só investimos em ativos com rating duplo A e preferimos debêntures com prazos máximos de cinco a sete anos, até porque há também a questão da dificuldade de liquidezâ€, afirma.
A política de investimentos da Vivest para 2022 já foi definida e está nas mãos dos órgãos de governança para aprovação.