Um dos maiores vencimentos de Notas do Tesouro Nacional – Série B, mais conhecidas pela sigla NTN-B, acontece nesta quinta-feira (15/8), quando cerca de R$ 250 bilhões devem ser liquidados pelo Tesouro junto aos investidores do mercado. Desse total, cerca de R$ 25 bilhões estão nas carteiras de entidades fechadas de previdência complementar (EFPC), que pela primeira vez estão sem a tradicional opção de “alongar” os papéis.
“Nossos clientes nos pediram estudos para avaliar se tinha espaço para alongar, e dessa vez a maioria dos estudos mostrou que não havia mais espaço para isso”, explica o sócio da consultoria de investimentos Aditus, Guilherme Benitez. “O pessoal vem comprando tanto NTN-B nos últimos anos, fazendo 'imunização' das carteiras, que o espaço começa a acabar”.
A Aditus presta consultoria a 134 EFPCs, com patrimônio consolidado de R$ 356 bilhões distribuídos por 612 planos de benefícios. Segundo Benitez, atualmente grande parte desses planos já são pagadores de benefícios, ou seja, sai mais dinheiro para pagar aposentadorias do que entra como contribuição de patrocinadores e participantes, portanto sem espaço para novos títulos longos.
“A dúvida é, para onde vai o dinheiro dessas NTN-Bs que estão vencendo?”, pergunta Benitez. “Eu acho que as fundações vão deixar o dinheiro em caixa ou investir em instrumentos menos ilíquidos”, arrisca. De acordo com ele, com a Selic rendendo 10,5% ao ano, uma taxa que paga com tranquilidade o atuarial das entidades, a opção mais plausível é que grande parte dos recursos sejam mantidos em caixa, pelo menos até o final do ano.
Embora o montante de R$ 25 bilhões em NTN-Bs 2024 seja elevado, proporcionalmente ele não representa muito em relação ao patrimônio das fundações. “É raro que um cliente nosso tenha mais de 5% do seu portfólio nessa série, porque eles vêm trocando os papéis ao longo do tempo. O que eles têm desses papéis nas carteiras é remanescente”.
