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XP Seguros quer ser a quarta no segmento de previdência aberta

Roberto Teixeira XP SegurosA XP Seguros, que atingiu em março o volume de R$ 16 bilhões em reservas de previdência, depois de ter crescido em 2020 mais de quatro vezes em relação ao ano anterior, tem planos para manter o ritmo e sair da oitava posição para ser a quarta maior seguradora desse segmento dentro dos próximos dois anos. Com 21,50% do market share de captação líquida no fechamento do ano passado (terceiro lugar do mercado em captação), a casa registrou no início deste ano 25,82% de share na captação líquida total de planos individuais.
Sua estratégia de expansão aposta nas vantagens de uma oferta agressiva de portfolios mais diversificados do que os dos grandes bancos e explora as mudanças regulatórias efetuadas pela Susep, órgão supervisor do mercado de previdência aberta. “A regulação ficou mais sofisticada e deixou os nossos produtos mais competitivos do ponto de vista da diversificação a longo prazo, hoje podemos ter portfolios com menos renda fixa e mais multimercados, renda variável e fundos internacionais, em linha com o ambiente de Selic mais baixa e com o que acontece no mercado de investimentos”, afirma o head da XP Seguros, Roberto Teixeira. A seguradora detém a liderança em portabilidade líquida, com de 62% de participação no mercado em dezembro de 2020, percentual que passou para 82% em janeiro deste ano
A tendência é aumentar ainda mais a exposição global dos seus fundos, hoje limitada legalmente a 40% dos ativos para os investidores qualificados. O pleito endossado pela casa faz parte da agenda da Fenaprevi, afirma o diretor, e tem como objetivo ver aprovados fundos de investimentos que sejam 100% internacionais. “Nossa carteira é pautada no perfil do investidor da XP, que tem em média 45 anos de idade, e é focada em ativos que buscam maior rentabilidade; ainda assim, neste mês de março tivemos uma captação relevante em renda fixa ativa e crédito privado”, explica Teixeira. A regulação atualizada ajudou a reforçar a tendência dos grandes gestores a optarem pelos fundos previdenciários em relação aos tradicionais fundos 555, acredita o head da XP. “Os fundos previdenciários ganharam mais agilidade e podem cobrar taxa de performance, além de exposição até 100% em renda variável, com maior diversificação”, afirma.

Concentração - O mercado brasileiro de previdência aberta, que envolve ativos da ordem de R$ 1 trilhão, é concentrado em 90% nas mãos de grandes bancos (R$ 921 bilhões), com forte alocação em renda fixa. Considerando somente os produtos PGBL, VGBL e planos individuais, o total do mercado é de R$ 835 bilhões e a concentração é a mesma nos cinco maiores instituições bancárias. “Viemos para transformar isso a partir de uma visão de mais longo prazo e para sair da concentração em renda fixa; a ideia é ter portfolios cada vez mais diversificados e com maior aderência. Também passamos a trazer mais gestores externos e hoje trabalhamos com 150 deles”, comenta Teixeira.
Segundo dados da Fenaprevi relativos a dezembro de 2020, esse mercado concentra 82,6% de suas reservas em aplicações de renda fixa, enquanto na XP essa fatia responde por apenas 27% dos investimentos. Já os fundos multimercados, que absorvem 12,9% dos recursos no mercado, concentram 55% dos ativos na seguradora. No mercado de ações, a XP aloca 17% contra 0,7% do mercado.
A XP, que integra um market place com outras duas seguradoras – Sul América e Icatu – deu uma guinada a partir de novembro passado, graças à integração ao Banco XP, afirma Teixeira. Com essa operação, houve um aumento de participação dos aportes vis a vis a portabilidade. O percentual de aportes saiu de 10% para 30% da captação líquida total, ficando os restantes 70% por conta da portabilidade, que até então respondia por 90% da captação. “Essa integração nos permitiu avançar para acompanhar melhor todo o ciclo de vida dos investidores, explorando nosso diferencial de tecnologia e inovação além de uma consultoria financeira completa”, diz o diretor.

Estratégias - A plataforma da seguradora saiu de 55 estratégias em dezembro de 2019 para 100 delas em dezembro passado, número que em março passou para 105 estratégias, incluindo fundos ESG, fundos de impacto social e fundos com taxa zero. A intenção é continuar a lançar cinco novos fundos a cada mês na plataforma.
O impacto da pandemia acentuou o movimento de busca pela previdência complementar que já vinha ocorrendo desde 2019, avalia Teixeira. “Em 2021 isso deve prosseguir e esperamos demanda crescente tanto pelos fundos de previdência quanto pelos seguros de vida”. A XP, que já faz parte de um market place com cinco players no mercado de seguros de vida, está se preparando para entrar em modo solo também nessa seara, outro segmento ainda dominado pelos grandes bancos. A casa pretende trazer um modelo mais moderno também para esse mercado e espera entrar diretamente na venda de apólices até o final deste ano. “No nosso mundo, ter operação digital completa garante um impacto positivo no atual ambiente de isolamento social; ao mesmo tempo, segue forte a tendência dos clientes de busca por mecanismos de proteção”, afirma.