Citada nas investigações da Operação Rebote, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira (28/11) para investigar supostas irregularidades que teriam provocado um déficit de aproximadamente R$ 383 milhões no instituto de previdência do município de Campos dos Goytacazes (RJ), conhecido como PreviCampos, a empresa Crédito & Mercado declarou que não presta serviços ao referido instituto desde 2016, quando rompeu o contrato com o mesmo.
Segundo o diretor da Crédito & Mercado, Renan Foglia Calamia, a consultoria foi controlada por Edmir Delfino até novembro de 2015, quando foi vendida à holding Starboard e passou a integrar esse grupo juntamente com a Plena Consultoria e a Par Engenharia Financeira. De acordo com ele, logo após ter sido comprada a consultoria rompeu o contrato com o PreviCampos. Ele diz não saber quem assumiu a consultoria do PreviCampos após o encerramento do contrato com a Crédito & Mercado.
Atualmente a consultoria pertence ao empresário Cecílio Barbosa Cintra Galvão, que a comprou da Starboard em 2021. “Das pessoas investigadas pela Polícia Federal, nenhuma faz parte, ou fez parte, do quadro atual da empresa”, afirma Calamia.
A Operação Rebote realizou nesta terça-feira a busca e apreensão em 18 endereços, sendo 12 em Campos dos Goytacazes, dois no município do Rio de Janeiro, um em São Paulo e três na cidade de Santos, litoral paulista. Os alvos são investigados por gestão fraudulenta, peculato e associação criminosa. Em 2021, o Tribunal de Contas do Rio e Janeiro (TCE-RJ) apontou nove irregularidades relacionadas ao PreviCampos no período de 2015 a 2019.
As irregularidades foram divulgadas no site do TCE-RJ em 19 de fevereiro de 2021. Entre essas estaria a nomeação de gestores financeiros para o instituto sem as qualificações exigidas, assim como a aplicação de recursos do instituto em fundos inabilitados para recebê-los, indicando gestão temerária. A aplicação nesses fundos, apontados como de alto risco e baixa liquidez, incompatíveis com a política de investimento da PreviCampos, teria ocorrido após resgates de fundos mais seguros do Banco do Brasil e da Caixa.
O TCE-RJ notificou à época dez pessoas, entre as quais a ex-prefeita de Campos dos Goytacazes, Rosinha Garotinho, que é agora um dos alvos da Operação Rebote. O advogado da ex-prefeita, Rafael Faria, divulgou nota em defesa da cliente afirmando que “os supostos fatos que ‘justificaram’ a busca e apreensão na casa de Rosinha Garotinho teriam ocorridos cerca de dez anos atrás. Ou seja, a única explicação para o que aconteceu hoje foi criar um constrangimento para a família (Garotinho), pois o fato é completamente atemporal. Não queremos acreditar que isso seja retaliação ou intimidação política. Sobre a decisão, a única questão imputada a ex-prefeita Rosinha é dela ter indicado pessoas sem qualificação técnica para a diretoria e conselho da PreviCampos”, diz a nota do advogado da ex-prefeita.
Além de Rosinha Garotinho, foram alvos da Operação Rebote também Edmir Delfino; Marco Antônio Rodrigues; Camilla Delfino; Francine Abreu; Alex Sandro Fernandes; Jorge Willian Cabral; Marcelo Freitas; Mário dos Gomes; Nelson Afonso de Souza; Robson Oliveira; Rômulo Rangel; Sérgio de Azevedo; Wilson Thadeu Rangel; Manoel Luiz Junior; e a Crédito & Mercado.