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Ausência de estímulos preocupa mais que queda de 4,1% do PIB

BrasileiroFrancisca TAGA queda de 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, divulgada hoje (03/03) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não surpreendeu a diretora da Tag Investimentos, Francisca Brasileiro. “Na verdade, o nosso PIB é um dos que menos caiu entre os países emergentes, caiu muito menos do que Índia, Rússia, México, Africa do Sul”, diz a executiva. “A gente caiu mais ou menos em linha com os Estados Unidos”.
Segundo ela, o número era o mesmo que estava sendo projetado pelo departamento econômico da casa, razão pela qual não se surpreendeu. Mais do que a queda do PIB em 2020, segundo ela, o que na verdade preocupa o mercado é a retirada abrupta de estímulo da economia neste primeiro trimestre de 2021, o que deve aprofundar a crise econômica e afetar fortemente os resultados de 2021. “Acho que os estímulos econômicos, que foram cortados do dia para a noite, devem voltar de alguma forma”, analisa Brasileiro. Quando esta nota foi fechada, no final da tarde desta quarta-feira, o Congresso ainda discutia o tema, sem uma definição clara sobre os valores e a forma como se daria essa volta. Além disso, ela também cita o desemprego e o nível elevado de endividamenteo das famílias como preocupante.
Apesar dessas dificuldades econômicas, os investidores institucionais vêm elevando as apostas na economia real e aumentando a exposição dos portfólios à renda variável. Segundo a executiva, os fundos de pensão estão ampliando entre 5 e 10 pontos percentuais a participação da renda variável nas carteiras dos planos desde o ano passado, usando para isso recursos dos títulos públicos que vão vencendo e não encontram no mercado papéis de renda fixa com remuneração equivalente. Além disso, tem também a revisão das políticas de investimento, que têm sido levadas à efeito nas fundações, ampliando o espaço para alocações de mais risco como a renda variável.

Fof de institucionais - A Tag Investimentos lançou há um mês o seu primeiro fundo condominial para institucionais, o Tag Alpha RV FIA, um fundo de fundos de renda variável que aloca de forma dinâmica em estratégias de Valor, Small Caps e Indexados, dependendo do momento. O fundo também pode fazer estratégias de proteção, “mas no momento não está fazendo isso”, explica Brasileiro. “Temos uma gestão bem ativa em termos de estratégia”.
Ela conta que o fundo, com patrimônio de R$ 40 milhões, já conseguiu alocar em alguns fundos “interessantes que já estavam fechados”. Com 10% alocado no ETF ESG do BTG Pactual, que replica o índice S&P/B3 Brazil ESG, o fundo pode ir aos poucos reduzindo essa alocação "à medida que encontre novos fundos interessantes para comprar". Os primeiros R$ 40 milhões, segundo Brasileiro, foram colocados como seed money por um primeiro cotista. “Mas a gente espera crescer rápido, oferecendo-o principalmente para aquelas fundações que querem diversificar mas, por um motivo ou outro, ainda não têm estrutura para fazer um fundo exclusivo”, explica.