Dona de 80 dos 101 BDRs de ETFs (brazilian depository receipts de fundos de Ãndices) negociados na bolsa brasileira, a gestora BlackRock avalia como significativo o ajuste na demanda por esses instrumentos de exposição internacional entre o final de 2021 e inÃcio de 2022, em decorrência da mudança de cenário econômico. O total de BDRs de ETFs mantido em custódia na B3 recuou de R$ 5,5 bilhões para R$ 4,5 bilhões entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, segundo os números disponÃveis na bolsa até fevereiro, observa Paula Salamonde, diretora de negócios institucionais e da área de ETFs. “A redução, que foi considerável, ocorreu porque a maioria deles é de renda variável e houve um ajuste dos mercados pela crise entre Rússia e Ucrâniaâ€, afirma.
A gestora tem 72 de seus BDRs de ETFs em renda variável, dois em commodities e seis em renda fixa, estes últimos lançados em fevereiro e atrelados a tÃtulos do governo dos EUA. Cerca de 90% dos recursos aplicados são de investidores institucionais.
A intenção da gestora para este ano é ampliar rapidamente a famÃlia de renda fixa para incluir não apenas a curva de juros norte-americanos mas também os mercados globais de crédito, inclusive high yeld , e outros fundos globais de renda fixa fora dos EUA. “É importante que tenhamos uma oferta cada vez mais diversificada para o investidor local, de modo que seja possÃvel selecionar as opções de acordo com os diferentes momentos dos mercadosâ€, diz Salamonde.
A casa prepara ainda o lançamento de ETFs de UCITs |(Organismos de Investimento Coletivo em Valores Mobiliários, domiciliados em mercados europeus). Entre os fundos de pensão brasileiros, ela avalia que houve um recuo tático de algumas entidades em relação à exposição internacional. “Mas esse não foi um movimento estratégico. De modo geral, temos notado que os fundos de pensão mantém a discussão sobre diversificação como seu objetivo estratégico, ainda que isso não se traduza em alocação imediataâ€, sublinha.
Em relação à demanda internacional, a crise geopolÃtica já afetou a demanda por temas especÃficos dos ETFs, notadamente com o crescimento lá fora do interesse por fundos de commodities e de segurança cibernética (cyber security), neste caso como prevenção ao risco de possÃveis retaliações russas.
Cresceu também o apetite por empresas ligadas à defesa aérea e companhias aeroespaciais. “Imagino que isso possa se refletir na demanda local mas, como os dados da B3 saem mensalmente e não diariamente, como ocorre lá fora, ainda não foi possÃvel perceber esse tipo de mudançaâ€, diz.