A esperada divulgação da taxonomia sustentável brasileira será o ponto de partida para enquadrar as emissões verdes e identificar melhor o que faz sentido no âmbito dos investimentos sustentáveis, avalia Henri Rysman de Lockerente, head e gestor de fundos de crédito privado da BNP Paribas Asset Management Brasil.
Em apresentação sobre o tema do crédito sustentável durante o 45º Congresso Brasileiro da Previdência Privada, em São Paulo, nesta quinta-feira (17/10), Lockerente observou que o Brasil já conta com várias regulações que abordam as questões de investimentos ESG (sigla em inglês para os padrões de responsabilidade ambiental, social e de governança), mas a taxonomia virá reforçar esse enquadramento.
“O assunto é cada vez mais obrigatório do lado dos investidores, até porque os eventos climáticos extremos dos últimos meses são uma preview do que poderá acontecer com frequência cada vez maior daqui para a frente, o que é um desafio”, diz. No Reino Unido, ele lembra que dois terços dos fundos de pensão já têm uma trajetória rumo à net-zero (compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera) assinada e publicada em suas políticas de investimento.
A gestora tem um total de R$ 90 bilhões sob gestão e 174 fundos, dez deles já com o sufixo IS (Investimento Sustentável), divididos entre estratégias de crédito e de renda variável, num total de R$ 3 bilhões. “Somos o maior comprador de LF (Letras Financeiras) verdes aqui, mas ainda há falta de diversidade nas emissões, que ficam concentradas em poucos players. Trabalhamos com 42 bancos e instituições financeiras diferentes, mas só se consegue emissões sustentáveis em cinco deles”, afirma. Para mudar esse cenário no mercado, é preciso que os investidores tenham metas sustentáveis também, lembra o gestor.