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Covid-19 e crise política pesaram para redução do rating, diz S&P

livia honsel sp1A redução da perspectiva do rating soberano do Brasil pela agência de classificação de risco norte-americana Standard & Poor’s (S&P) em abril, de “positiva” para “estável”, teve como principal causa as dificuldades que a crise do Covid-19 gerou para o País, mas não apenas isso. Também pesaram as dificuldades políticas do governo no seu relacionamento com o Congresso, que certamente reduziram as chances de um bom encaminhamento das reformas estruturais no cenário pós-pandemia. “A crise política do governo certamente influenciou a redução da perspectiva do rating soberano, acho que desse ponto de vista as coisas pareciam melhor encaminhadas no final do ano passado”, afirma a analista da S&P para o rating soberano do Brasil, Livia Honsel.
No final de 2019 a agência havia feito o movimento inverso ao que fez no último abril, elevando de “estável” para “positiva” a perspectiva do rating soberano do País, após a aprovação da Reforma da Previdência e do encaminhamento das demais reformas estruturais, como a administrativa e a tributária. “Mas agora, em abril, pesou na nossa decisão de reduzir a perspectiva do rating principalmente a avaliação de que o crescimento econômico seria mais negativo e o déficit fiscal seria maior do que tínhamos imaginado inicialmente, mas além disso também avaliamos que o ambiente político ficou mais complicado”, analisa Lívia.
Segundo ela, a decisão de rebaixamento do rating atingiu também outros países da região, como é o caso do México, que passou de um BB+ para BB. No caso mexicano, somou-se aos efeitos da crise do coronavirius a queda dos preços internacionais do petróleo, um commoditie importantíssimo para a economia mexicana. O rebaixamento foi consequência da combinação desses dois movimentos, explica. Também o Equador foi rebaixado, por causa de uma incidência muito forte da Covid-19.
“No geral, a crise atingiu fortemente os países da região”, diz a analista. “O Brasil era um dos poucos países que, antes da crise, tinha uma perspectiva positiva, mas com a crise chegamos à conclusão que essa perspectiva positiva não se justificava mais”. Não há uma definição sobre a data para uma nova avaliação do rating do País. A reunião de abril, que decidiu pelo rebaixamento do rating soberano brasileiro, foi extraordinária.
No começo da crise do Covid-19 a S&P avaliava que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro seria de 1% negativo neste ano, mas agora a avaliação é de que deve cair no mínimo 5%. O déficit fiscal deve ficar em 12%, com decréscimo gradativo ao longo dos próximos três anos e a expectativa de câmbio é de um dólar a R$ 4,80 no final do ano.