Mainnav

Copom surpreende mercado ao elevar Selic para 7,75% ao ano

banco central1Surpreendendo a maior parte do mercado financeiro, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou nesta quarta-feira (27/10) a taxa básica de juros, a Selic, em 1,50 pontos percentuais (pp), passando de 6,25% para 7,75% ao ano. A maioria do mercado, inclusive o Grupo Consultivo Macroeconômico da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), esperava um aumento de 1,25pp, que elevaria a Selic para 7,5% ao ano.
Pesaram na decisão do Copom, tomada por unanimidade, o aumento da inflação de alimentos, combustíveis e energia, além da instabilidade no mercado financeiro provocada pela decisão do governo de mudar o cálculo do teto de gastos. Na avaliação do órgão, os acontecimentos recentes elevaram o risco de a inflação subir mais que o previsto, justificando a alta dos juros.
“Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico”, destacou o texto. O Copom informou que também deverá elevar a Selic em 1,5 ponto percentual na próxima reunião do órgão, em dezembro.
Esse foi o sexto reajuste consecutivo na taxa Selic. De março a junho, o Copom tinha elevado a taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro. No início de agosto, o BC passou a aumentar a Selic em 1 ponto a cada reunião. Com a alta da inflação e o agravamento das tensões no mercado financeiro, o reajuste passou para 1,25 ponto em setembro.
A última vez em que o Copom tinha elevado a Selic em mais de 1 ponto percentual tinha sido em dezembro de 2002. Na ocasião, a taxa tinha passado de 22% para 25% ao ano, com alta de 3 pontos.

Inflação - Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou no maior nível para o mês desde 1994, acumulando uma alta de 10,25% em 12 meses, pressionado pelo dólar, pelos combustíveis e pela alta da energia elétrica. A meta de inflação para 2021, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos O IPCA, portanto, não podia superar 5,25% neste ano nem ficar abaixo de 2,25%.
De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 8,96%. A projeção oficial só será atualizada no próximo Relatório de Inflação, que será divulgado em dezembro.