Mainnav

Maior parte dos economistas projetam Selic em 13,25% nesta quarta

Marcelo Cirne deToledoBramO Comitê de Política Monetária (Copom) iniciou nesta terça-feira (14/06) sua quarta-reunião do ano, que dura até amanhã e deve divulgar a nova taxa Selic ao final do encontro. O mercado financeiro está dividido entre aqueles que apostam numa alta de 0,50 ponto percentual (pp), patamar que o mercado subentendeu no último comunicado do órgão, e os que apostam numa elevação maior, de 0,75 pp, em virtude da pressão adicional colocada sobre o órgão por sinalizações de investidores globais de que os juros americanos poderão subir em 0,75 pp.
A reunião do Copom ocorre paralelamente à do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), equivalente do Copom nos Estados Unidos que decidirá também amanhã o novo nível da taxa de juros americana. Investidores globais revisaram nos últimos dias suas projeções de uma alta de 0,50 pp para 0,75pp na taxa de juros americanas por causa da divulgação, na sexta-feira passada, dos índices da inflação nos Estados Unidos, que vieram acima do que o mercado esperava. A nova projeção do mercado para os juros americanos derrubou as bolsas do mundo todo, inclusive o Ibovespa no Brasil que caiu na segunda-feira 2,27%, e fortaleceu a moeda norte-americana.
Para o ex-diretor de política monetária do Banco Central e atual sócio da Panamby Capital, Reinaldo Le Grazie, “a questão internacional botou muita pressão sobre o Copomâ€. Ele avalia que já existia uma leitura de que a inflação brasileira estava muito persistente, mas o Copom vinha administrando a questão e esperando que os juros altos fizessem efeito sobre os preços, mas agora com a valorização do dólar por conta dessa pressão internacional “o Copom terá que ser mais duroâ€. Le Grazie acredita que o órgão vai elevar a Selic em 0,75pp amanhã e seguirá com alta de 0,50 pp na próxima reunião e depois mais 0,25%. “Vai parar naquele número caviloso de 14,25%, que é o mesmo que o Tombini deixouâ€, diz. O ex-presidente do BC na gestão de Dilma Rousseff, Alexandre Tombini, elevou os juros para 14,25% em julho de 2015.
Mas para o economista-chefe da Bradesco Asset Management, Marcelo Cirne de Toledo, apesar do impacto da decisão do Fed sobre as taxas de câmbio dos países emergentes fortalecer o dólar, “nós mantivemos nossa projeção de uma alta de 0,50 pontos percentuais†na reunião do Copom. Segundo Toledo, a alta dos juros americanos não é, no momento, o grande drive que impacta a decisão do Copom. “O mais relevante, para o Copom, é a situação internaâ€, diz. Ele avalia que as taxas de juros atuais já são bastante altas e que o Copom vai esperar para ver o efeito sobre a atividade econômica e sobre a inflação.
“O estágio do ciclo de alta de juros no Brasil é diferente do americano, estamos com 12,75% e eles estão partindo de 1%, então isso permite que a gente seja mais moderadoâ€, diz o economista da Bram. Ele espera, além da alta de 0,50 pp nesta reunião, uma nova elevação de 0,50 pp na reunião seguinte, parando em 13,75% ao ano.
Para a economista do BNP Paribas Asset Management, Andressa Castro, a reunião de amanhã do Copom deve aumentar a Selic em 0,50 pp e anunciar um novo aumento de mais 0,50 pp para a reunião seguinte. Ela acha que a perspectiva do Fomc elevar as taxas americanas em 0,75 pp amanhã não pesará nessa decisão do Copom. “Não pesa nessa, mas contribui para o BC acenar com uma alta de 50 basis point da reunião seguinteâ€, diz. Segundo Castro, embora o ciclo de alta dos juros deva parar nos 13,75% ao ano, não será suficiente para fazer a meta de inflação convergir em 2023. Segundo ela, a convergência da meta “só vai acontecer em 2024â€.
Para a estrategista-chefe da MAG Investimentos, Patrícia Pereira, o Copom deve elevar a Selic em 0,50 pp nessa reunião, para 13,25% ao ano. A pressão sobre o comitê brasileiro de uma eventual elevação de 0,75 pp na reunião do Fomc, “deve pesar muito mais para a reunião seguinte do Copom, mas não pesará nessaâ€, diz Pereira. Ela diz ter dificuldades em prever se haverá novas altas de juros nas reuniões seguintes do Copom, uma vez que os sinais do órgão são contraditórios. Isso porque, “o BC tem sinalizado que as altas de juros demoram para fazer efeito, normalmente tem sinalizado isso, que tem que esperar. Mas isso vale quando ele está entregando alguma coisa, quando a inflação vai perdendo força, o qualitativo vai ficando melhor, a expectativa de inflação vai convergindo para a metaâ€, diz. "Entretanto, no momento o BC não está entregando nada dissoâ€.
A economista da gestora Galapagos, Tatiana Pinheiros, também trabalha com uma projeção de alta de 0,50 pp na Selic nessa reunião do Copom. “Esperamos alta de 0,50 pp, com a Selic sendo elevada para 13,25%â€, diz. A projeção se baseia, principalmente, “na comunicação do BC na última reunião, indicando que a reunião de junho teria um aperto de menor magnitudeâ€. Ainda segundo Tatiana, na mesma comunicação o BC sinalizava que “o ciclo de aperto já feito era grande e os próximos passos seriam mais cautelososâ€.