O resultado de cinco a quatro na votação do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que reduziu em 0,50 ponto percentual a taxa básica de juros da economia, a Selic, nesta quarta-feira (2/8), reflete bem a divisão do mercado financeiro. No dia anterior, terça-feira, o grupo de economistas da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) apostava numa redução de apenas 0,25 ponto percentual. Outros, entretanto, como a economista sênior para Brasil e Argentina da Bloomberg Economics, Adriana Dupita, avaliavam que “estão dadas as condições para a Selic cair 0,50 ponto percentual”.
Com a decisão desta quarta-feira tomada, Dupita diz que “a decisão correspondeu à nossa previsão e foi maior do que a estimativa de consenso para um corte de 0,25pp”. Segundo ela, mesmo com o corte do Copom a taxa real ex-ante — descontada pela inflação esperada em 12 meses — está em 8,8%. “Isso ainda é consideravelmente mais alto do que a suposição do banco central de 4,5% para a taxa neutra, o que significa que a política monetária continua muito rígida”, afirma.
Para Caio Megale, economista-chefe da XP, “o comunicado primeiro explicitou uma divisão que já havia no mercado, sobre 0,25 e 0,50 ponto. Essa divisão que estava no mercado acabou aparecendo no Copom”. De acordo com o economista, “a nossa visão é que é um corte adequado para o ciclo, e tem algo como três a quatro pontos percentuais para serem cortados que podem ser feitos e serem testados a cortes de 0,50. Seis, sete cortes de 0,50 que é um ritmo para o nível da Selic atual gradual”.
Já o economista-chefe da Constância Investimentos, Alexandre Lohmann, avalia que “apesar da reancoragem apenas parcial das expectativas, a manutenção da meta pelo CNM (Conselho Monetário Nacional) em 3% abriu espaço para queda da taxa de juros”. Segundo ele, embora haja uma sinalização para novos cortes de 0,50 ponto, a “decisão dovish de hoje, deve procurar uma queda na parte curta da curva de juros e o mercado pode começar a precificar corre mais amplo de 0.75 ponto nas próximas reuniões”.
