O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (31/7), por unanimidade, manter a Selic em 10,50%. É a segunda vez seguida que o Copom decide manter a taxa básica de juros nesse nível, prosseguindo com a política cautelosa iniciada em junho último após um processo de cortes nas taxas que vinha desde agosto de 2023.
Votaram a favor da decisão o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e os oito diretores da instituição. O comunicado divulgado pelo Comitê aponta que “o ambiente externo mantém-se adverso, em função da incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e sobre as dinâmicas de atividade e de inflação em diversos países”.
O comunicado reforça que “os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes”.
Sobre o cenário interno, o comunicado diz que “o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo maior do que o esperado. A desinflação medida pelo IPCA cheio tem arrefecido, enquanto medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”.
O Copom aponta fatores de risco, em ambas as direções, nos cenários para inflação. Destaca entre os riscos de alta: (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio depreciada.
Já entre os riscos de baixa inflacionária, ressalta: (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
“O Comitê avalia que as conjunturas doméstica e internacional exigem ainda maior cautela na condução da política monetária. Em particular, os impactos inflacionários decorrentes dos movimentos das variáveis de mercado e das expectativas de inflação, caso esses se mostrem persistentes, corroboram a necessidade de maior vigilância”, diz o comunicado do Copom.