Mainnav

Por unanimidade, Copom volta a elevar taxa Selic para 10,75%

banco central1O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (18/9), por unanimidade, aumentar em 0,25 ponto percentual a taxa Selic, elevando-a para 10,75% após duas reuniões consecutivos durante os quais ela permaneceu em 10,50%. Trata-se da primeira alta na taxa básica da economia em mais de dois anos, desde agosto de 2022.
Votaram a favor da decisão o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e os oito diretores da instituição. Com isso, o Copom reforça o momento de maior precaução no cenário econômico brasileiro, após uma sequência de cortes na taxa Selic, que durou de agosto de 2023 a maio desse ano.
O comunicado divulgado pelo Comitê aponta que “o ambiente externo permanece desafiador, em função do momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fedâ€.
“Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário externo, também marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentesâ€, completa.
Sobre o cenário interno, o comitê considera que “o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem apresentado dinamismo maior do que o esperado, o que levou a uma reavaliação do hiato para o campo positivo. A inflação medida pelo IPCA cheio assim como medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta para a inflação nas divulgações mais recentesâ€.
O Copom ainda aponta fatores de risco nos cenários para inflação, em ambas as direções, destacando entre os riscos de alta: (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Já entre os riscos de baixa, ressaltam-se: (i) uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada; e (ii) os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
“O cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionistaâ€, afirma.

Repercussões - O mercado recebeu sem grandes surpresas a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. O economista da XP, Rafael Margato, projetou que a Selic terá novas altas que a colocarão em 12% ao ano na primeira reunião do Copom em 2025. “Em conjunto com a sinalização desse comunicado, com a reavaliação do hiato do produto, nós reforçamos o cenário base que resultará em novas elevações de 0,50% em novembro e dezembro, além de uma última elevação de 0,25% em janeiro do ano que vemâ€, avaliou.
Para o economista-chefe do Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Daycoval, Rafael Cardoso, as próximas altas devem ser de 0,25% nos próximos meses. “A revisão das projeções do Banco Central diz respeito a uma atividade econômica mais forte, um hiato do produto positivo. Nesse sentido, quando pensamos no que o BC estaria mirando com a retomada do ciclo de alta dos juros, é num arrefecimento mais claro da atividade econômica.â€