Mainnav

El-Erian prevê recuperação econômica em formato de raiz quadrada

Mohamed El ErianO presidente da Universidade de Cambrige e conselheiro econômico da Allianz, Mohamed El-Erian, não acha que a recuperação econômica que virá após a pandemia da Covid-19 será uniforme nem contínua. Ao contrário, na sexta-feira (27/11), durante o encerramento do Congresso realizado conjuntamente pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e B3, El-Erian previu uma recuperação profundamente desigual entre os países e em formato de raiz quadrada – queda forte trazida pela Covid-19 e início de alta, não muito intensa, seguida de um longo platô de estabilidade.
Segundo El-Erian, o mercado terá, daqui em diante, uma vulnerabilidade gigantesca. “Países como Brasil, México e outros emergentes precisam estar aptos a absorver uma mudança de liquidez que pode ocorrer rapidamente. No fim das contas, para passar por esta jornada e se beneficiar do destino final, só tendo resiliência para superar momentos ruins e conseguir manter a cabeça levantada”, comenta o executivo. Ele se referia à instabilidade que pode ocorrer no fluxo global de recursos na direção dos países emergentes: “esses dólares não são residentes, são turistas e, como todo turista que curte lugares ensolarados, se as condições mudam ele vai embora”, compara.
Ainda segundo El-Erian, nem a queda das taxas de juros produziram um colapso da intermediação financeira e nem o dólar a R$ 6 gerou uma crise ou quebradeira de empresas brasileiras, o que o executivo avalia como sendo uma situação surpreendente. “A capacidade do Brasil de enfrentar toda essas flutuações nos últimos 12 meses é algo muito importante”, afirmou.
Ele avaliou que os estrangeiros olham o Brasil de uma forma bastante negativa, apesar das qualidades do País. Isso porque, segundo ele, o Brasil “não se vende muito bem, não faz boas sinalizações que são demandadas pelo estrangeiro”, avalia.