Mainnav

Exclusivos na mira das EFPCs
Entidades Fechadas de Previdência Complementar têm buscado com mais frequência os fundos exclusivos para operar suas estratégias específicas

Edição 375

Mello,Marcelo(SulAmerica) 25mar 01(MauroFiga)O crescimento da SulAmérica Investimentos, Vida e Previdência em 2024 no segmento de institucionais aconteceu em parte por meio de fundos exclusivos para EFPC e em outra parte por meio de fundos abertos. “Estávamos bem posicionados e uma parcela importante dessa expansão ocorreu nos fundos exclusivos, majoritariamente de fundações”, explica Marcelo Mello, CEO da instituição.
A casa recebeu 15 novas EFPC no ano passado, em estratégias de renda fixa ativa e crédito privado. “O institucional faz uma análise comparativa criteriosa na seleção de gestores e mantínhamos uma posição relativa que nos levou a ser selecionados, seja pelas próprias fundações, seja por seus consultores”, diz.
Mello observa que o ano de 2025 segue na direção da renda fixa mas esse movimento não é tão forte como foi no ano passado porque o juro real chegou a 8% e o passivo atuarial das fundações é de 6% a 6,5%, então algumas delas decidiram montar carteiras próprias de títulos marcados na curva.
Nos fundos exclusivos, a asset utiliza três estratégias. A primeira delas usa uma cesta de NTN-B que procura superar o IPCA mais o cupom desses papéis e faz gestão ativa. Na segunda, a renda fixa ativa é combinada com arbitragem de juro e busca superar o CDI. A terceira estratégia é de crédito high grade que aloca em ativos corporativos e financeiros. “No momento estamos com mais ativos financeiros, mas essa é uma peculiaridade nossa”, diz.
“O crédito continua interessante. O fluxo foi muito forte em 2024, ficou negativo nos meses de janeiro e fevereiro deste ano e voltou a ser positivo em março. A dinâmica tende a ser positiva porque o juro ainda estimula o investidor”, afirma Mello. No ano passado, à exceção do mês de dezembro, a captação nesse mercado foi muito forte.
Diante da guerra tarifária, a asset também está explicando ao investidor quais são as oportunidades caso haja um momento desinflacionário nos emergentes e inflacionário nos EUA. “Aqui a política monetária poderá ser um pouco mais frouxa e há muito ganho na curva de juros para ser aproveitado”, diz Mello.

Multiestratégia avança - “Apesar das oscilações do mercado frente à alta da Selic, o ano foi positivo para nós porque captamos um pouco acima de R$ 2 bilhões no consolidado e evoluímos bastante em multiestratégia, com os fundos exclusivos”, observa Bruno Nardo, sócio e portfólio manager de área de ativos líquidos/multiestratégia da RBR Asset Management, gestora focada em fundos imobiliários e infraestrutura.
Os fundos exclusivos da asset saltaram de R$ 200 milhões de AuM no início de 2024 para R$ 500 milhões em abril de 2025. “Esse volume está em fundos para quatro EFPC porque ganhamos mais duas no ano passado”, explica. Em sua maioria, são fundos dedicados a fundações que buscam terceirizar e ganhar expertise. “Foi o nosso segundo melhor ano (o primeiro foi 2015) porque ficamos acima do IFIX. Em 2024 o índice teve rendimento negativo de 6,5% enquanto os nossos fundos tiveram rentabilidade positiva de 7%”, diz Nardo.
Em 2025, os primeiros meses já trouxeram forte volatilidade no mercado de fundos imobiliários entre janeiro e março, um aspecto que, segundo o gestor, reforça a qualidade dos ativos: “Esses movimentos mostram que depois de cada depreciação, a recuperação tem sido muito rápida”.
De dezembro para cá, os ativos estão muito baratos, sejam eles de crédito ou de tijolo. Quanto tempo vai levar para esses ativos recuperarem o seu preço justo é a grande questão, então preferimos ir mais para fundos de fluxo de caixa para defender o retorno de longo prazo”, explica.

Mudança de perspectiva - Em fase de cautela desde abril devido aos ruídos que vêm dos EUA, os fundos de investimento no exterior tiveram um ano positivo em rentabilidade em 2024 e um início de 2025 movimentado, com maior interesse por novas alocações, diz Luiz Fernando Pedrinha, diretor comercial para institucionais da Schroders no Brasil.
Nos primeiros meses deste ano, a asset registrou entrada de recursos tanto nos fundos exclusivos já existentes como nos condominiais, mas agora o investidor “tirou o pé do acelerador” e a perspectiva de alocação ainda é baixa, diz Pedrinha. Na asset, a captação foi positiva até março, para os fundos exclusivos e para os condominiais.
Ele observa que os mandatos exclusivos seguem um desenho com customização total, definida a quatro mãos com o investidor para entender suas necessidades e qual o modelo que faz mais sentido. “O leque é amplo e é possível ter a mesma estratégia para diversos perfis de investimento ou escolher estratégias específicas para cada perfil”, diz. Além disso, esse desenho pode fazer hedge dinâmico da moeda em alguns portfólios, aí com benchmarks híbridos, entre outras opções.
A oferta também é ampla nos fundos com pegadas ESG. “Há uma oferta grande de estratégias sofisticadas, seja com características de hedge fund, long and short, foco em tecnologia ou telecomunicações, fundos seguidores de tendências ou com estratégias mais balanceadas. Em 2024, ao identificar um gap na oferta de renda fixa internacional, a casa trouxe para o Brasil um fundo low duration, para agregar retorno no modelo income (renda). “É um produto que pode ganhar maior tração agora que há mais juro lá fora”, diz Pedrinha.
No final de 2024, a casa já havia feito alguns ajustes, seguidos por outros, mais recentes, no sentido de reduzir estratégias que não são as melhores para momentos de incerteza. Ao mesmo tempo, aumentaram as estratégias com perfil de hedge fund e menos risco de mercado.
Sem resgates - Depois de um 2024 positivo para o mercado de ações lá fora, quando a Franklin Templeton no Brasil teve um de seus melhores anos, 2025 começou forte mas agora perdeu visibilidade, a exemplo do que aconteceu na crise da Covid, diz Luiz Assadurian, diretor de vendas da instituição. “Não vimos resgates significativos até agora, apenas ajustes, e o cenário para este ano ainda é de crescimento para o mercado de bolsa nos EUA, mas será preciso esperar pela definição das tarifas após o período de negociação”, avalia. O resultado final poderá ser positivo para o mercado acionário americano, mas as casas gestoras estão mudando de opinião muito rápido no mesmo dia”, afirma.
Independente do momento de incerteza, a asset ganhou dois novos mandatos exclusivos de EFPC este ano, um deles para investir em ações globais e o outro é uma mescla de ações globais com ativos alternativos líquidos. Um desses fundos deve estar em pé até o final de abril e o outro, no final de maio. “Além das fundações, temos tido demanda também dos RPPS, um segmento em que já temos alguns clientes e do qual temos recebido diversas consultas”, explica.

Por Estruturas (arquivo em pdf)