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Operação da Economática é comprada pela TC por R$ 40 milhões

Matheus OliveiraTradersClubA Economática, tradicional fornecedora de informações financeiras para o mercado de investimentos, foi adquirida pela mais nova empresa negociada na B3, a Traders Club (TC), criada em 2016. A TC estreou na bolsa em 27 de julho deste ano, levantando R$ 545 milhões em seu IPO (Oferta Pública Inicial de Ações, na sigla em inglês), dos quais carimbou 60% para gastar em aquisições de novos negócios.
Desde o IPO já foram adquiridas três empresas, incluindo a Economática por R$ 40 milhões pagos em cash. As duas anteriores foram a RIWeb (site de relações com investidores) por R$ 6,5 milhões e a Abalustre (startup de base de dados estruturados) por R$ 6,7 milhões. “Não teremos mais nenhuma aquisição relevante até o final do ano, mas não estamos parados”, adiantou o head de Relações com Investidor da TC, Matheus Oliveira. “Não vamos esperar cinco anos para usar todo o dinheiro reservado às aquisições”.
Dos executivos que criaram as três operações adquiridas pelo grupo, apenas os que criaram a Abalustre estão sendo incorporados pela TC, uma vez que o principal objetivo dessa aquisição era internalizar o know-how detido por eles. Nos outros dois casos os criadores não permanecem no grupo. As três empresas adquiridas somam um faturamento de R$ 21,5 milhões.
A operação da Economática não será diluída na TC, mantendo sua identidade criada há 35 anos pelos irmãos Fernando, Gustavo e Otávio Exel, que se afastarão totalmente do negócio daqui a seis meses, quando o processo de transição de comando estará concluído. A empresa tem hoje cerca de 400 clientes, incluindo institucionais, gestoras, family offices e bancos, e armazena dados financeiros de mais de 27.000 fundos e 5.000 empresas de mais de 40 países. “Não vai mudar nada na Economática, quem já é cliente continuará tendo acesso aos mesmos serviços, óbvio que com alguns aprimoramentos que nosso time de tecnologia fará, incluindo interfaces mais intuitivas”, explica Oliveira.
A meta da TC é usar o grosso dos recursos carimbados para aquisições durante o ano de 2022, quando o perfil da empresa será consolidado. “Vamos moldar o perfil da empresa em 2022 e usar 2023 como o ano da estabilização”, explica Oliveira. “Queremos ser uma plataforma one stop shop para o investidor B2C e também um terminal para o B2B”.
Segundo Oliveira, o sistema de banco de dados e análise de investimentos da Economática será fundamental para avançar nessa direção do B2B. “Esse sistema será o motor por trás da nossa plataforma, vamos criar APIs para que nossos produtos possam consumir essas informações de forma mais eficiente”, diz o executivo. “O B2B é o nosso foco de crescimento”.
Diferentemente do caminho seguido por outras plataformas de investimento, a idéia da TC não é ter uma corretora própria, o que abriria uma guerra indesejável contra XP e BTG Pactual, mas plugar o maior número possível de corretoras em seu sistema. A empresa já está entrando em contato com várias casas e deve anunciar, nos próximos meses, algumas parcerias. Entre essas estão corretoras que operam bitcoins, um segmento que já agrega cerca de 3,4 milhões de investidores no Brasil. “Estamos avançando algumas conversas com esse mercado, é um mercado importante para nós”, diz Oliveira.
A TC tem hoje cerca de 500 mil usuários, dos quais 90 mil pagam pelo serviço para ter acesso a planos que oferecem um leque de informações mais completo. A idéia, segundo Oliveira, é manter essa plataforma aberta para o B2C e desenvolver uma plataforma, à exemplo da sua referência empresarial que é a Bloomberg, para o B2B.